segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Uma história de estímulo

Flávia Rocha, graduada em Comunicação Social pela UFPI, é selecionada para cursar Mestrado na UnB
A pesquisadora responde algumas perguntas da Equipe VOLVER, e dá dicas para alunos que se interessam pela carreira acadêmica
Flávia Rocha entrou para cursar Comunicação Social com habilitação em Jornalismo na Universidade Federal do Piauí – UFPI, em 2002. Durante a graduação, sempre procurou freqüentar encontros e INTERCOM’s, entretanto não para apresentação de pesquisas – nesse tempo projetos científicos, ainda se figuravam como “bicho de sete cabeças” para Flávia. Em um desses INTERCOM’s que Flávia participou, alunos do 1° período da UFMA ganharam um prêmio de iniciação científica, ela se impressionou com esse exemplo e viu que era possível, ainda que prematuramente ou com estrutura precária, desenvolver um bom projeto. Antes, Flávia esperava pela iniciativa dos professores, mas com maturidade e experiência, ela percebeu que a qualidade essencial de um pesquisador é ser “bisbilhoteiro” e correr atrás e que não adianta esperar por iniciativas de terceiros, embora existam pessoas em quem se apoiar e fortalecer, não adianta nada se o aluno não fizer por si. Foi nessa perspectiva que Flávia se tornou uma pesquisadora, primeiro na linha de Análise de Discursos, tendo como orientador o professor Laerte Magalhães.

Após a conclusão da graduação em 2005, Flávia começou uma Especialização em Telejornalismo, na UFPI. O curso contou com a participação de vários professores renomados, como: Osvaldo Balmaseda (Universidade de Havana), a Profa. Dra. Ana Paula Goulart (UFRJ), o Prof. Dr. Paulo Fernando Lopes (UFPI), Prof. Dr. Fausto Neto (UNISINOS), Prof. Dr. Gustavo Said (UFPI), Prof. Dra. Joseti Marques (F. ESTÁCIO DE SÁ/RJ), Prof. Dr. Alfredo Vizeu (UFPE), Prof. Domingos Meirelles (GLOBO/RJ), Profa. Mônica Silveira (GLOBO/PE), Profa. Ms. Jô Mazzarollo (GLOBO/NE), e Profa. Dra. Dácia Ibiapina (UNB).

Além da Especialização Flávia passou três anos na TV Clube, como produtora de todos os telejornais. Depois foi editora do Portal AZ e, atualmente, produz o jornal Notícia da Manhã, programa da TV Cidade Verde apresentado por Nadja Rodrigues. Paralelamente a profissão de produtora, Flávia se empenhou firme nos estudos e foi aprovada na Seleção de Mestrado da UnB (Universidade de Brasília), agora em Outubro. Flávia vem de uma turma, em que ela já é a sétima a fazer mestrado, as colegas mestras e mestrandas são: Ticyane Vaz que concluiu mestrado pela Metodista-SP, em seguida Francilene Oliveira (Metodista-SP) – quem está pesquisando sobre a revista Piauí; Karla Nery (UNISINOS-RS); Patrícia Vaz (que está na Universidade Federal de São Carlos-SP); Daiane Rufino (Metodista-SP); e Rosa Rocha (Metodista-SP). Segundo Flávia: “Isso tudo é um fruto que foi plantado na graduação com a ajuda de alguns professores”.


Flávia foi a segunda mulher a comandar um Portal em Teresina


Veja o que Flávia Rocha respondeu a Equipe VOLVER:

VOLVER: Como foi a seleção para o mestrado?

Flávia Rocha: O primeiro passo foi decidir o que eu queria. Depois acreditar e botar a cara nos livros, abdicando de muita coisa, inclusive salários maiores. Quanto ao processo de seleção da UnB, há quatro etapas. Primeiro, o projeto de pesquisa. Quando este é aprovado, o candidato passa para as etapas seguintes: prova escrita, prova oral e a prova de língua estrangeira (Inglês ou Francês). Na prova escrita, eles oferecem cinco questões para você escolher três, nesse caso você fará três dissertações usando os autores da bibliografia da linha de pesquisa. Na prova oral, você explica o que é seu projeto, tendo que convencer a banca de que a sua pesquisa é importante, mas com humildade, respeitando as interferências da banca. Minha dica é sempre conversar muito com quem já passou por esses processos, porque, de repente, você perde uma grande oportunidade por causa de um pequeno deslize. Outra dica é pensar realmente em contribuir com a evolução da sociedade e não em ter um papel debaixo do braço. O Brasil precisa de pessoas não apenas com vontade, mas com disponibilidade e competência para ajudar. Geralmente quem não pensa só em diploma é quem faz o diferencial. O cheiro dá pra sentir de longe.

VOLVER: Qual a sua linha de pesquisa? E o tema da dissertação do Mestrado?

Flávia Rocha: A minha linha de pesquisa do mestrado é Políticas de Comunicação e de Cultura. E o tema é: O cinema brasileiro e o mercado audiovisual globalizado: experiências e estratégias em co-produção.

VOLVER: Quais melhorias, na sua opinião, deveriam acontecer na UFPI (de forma geral: alunos, professores, estrutura) para aumentar a produção de conhecimento?

Flávia Rocha: Primeiramente, deveria haver uma maior negociação entre estudantes e professores. Professor também precisa de gás, de se sentir estimulado. Se o aluno não consegue cumprir um pequeno compromisso como ler um texto que será debatido na aula seguinte, fica difícil o professor achar que o aluno está interessado. Aí é que vão surgindo as “panelinhas”. Os que conseguem expressar mais interesse colam nos professores que vão dar “as chaves” pra eles. Enquanto isso, outros acabam ficando às margens desse processo, fazendo um curso meramente morno, baseado em notas, sem produção de conhecimento de fato. A busca pela pesquisa devia virar uma epidemia na UFPI, com professores mais antenados com o mundo da pesquisa e alunos cobrando mais, com respeito. E era esse interesse conjunto, essa responsabilidade com a universidade, que nos unia. Os professores, de forma geral, tinham uma empatia muito grande com a nossa turma. Isso era ótimo, uma revolução silenciosa e bastante proveitosa. A gente não fazia “barulho”, respondia com trabalho. Inclusive, chegamos a fazer um telejornal, um programa de rádio e um jornal impresso em uma comunidade, onde os produtores da notícia eram os jovens da comunidade. Tudo sem a presença do professor. Ele foi apenas a um ou dois dias. No restante do período, sozinhos, com muito compromisso, concluímos todo o trabalho. Mas claro que não é só isso (o interesse do aluno). A coordenação deve construir estruturas de incentivo à pesquisa, dando apoio aos alunos de forma ininterrupta.

Parabéns, Flávia!








Por: Ana Isabel Freire (anaisabel_freire@hotmail.com) - Mariana Guimarães (mariana-guimaraes@hotmail.com) – Nina Nunes (nina_quasenada@hotmail.com)

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