Acompanhamento de crianças especiais objetiva a inclusão social e autonomia
“Tive Maria Rita na 31° semana de gestação. Não sabia que ela era deficiente, nem mesmo o médico sabia. Minha filha nasceu com Hidrocefalia. Com 28 dias de nascida, Maria Rita fez a primeira cirurgia. Com oito meses ela já tinha passado por nove”, recorda Emanuela dos Santos Macêdo, de 20 anos, mãe cuja filha de um ano e oito meses faz tratamento do Centro Integrado de Reabilitação- CEIR.
O CEIR, juntamente com o Centro Integrado de Educação Especial-CIES faz parte do Complexo Estadual de Reabilitação em Saúde e Educação Daniely Dias que realiza tratamentos de reabilitação física e psicológica de crianças e adultos portadores de deficiência ou que sofreram algum trauma.
Os tratamentos oferecidos vão desde músico terapia até a hidroterapia
No CEIR são atendidas crianças com deficiência até os 17 anos de idade. “Crianças acima de 18 anos não entram mais. Porque tem uma coisa chamada maturação. A maturação de uma criança tem um período certo para que ela dê respostas motoras e físicas. A criança tem várias fases. Os bebês são prioridades para entrar. Porque os dois primeiros anos são considerados primordiais para o desenvolvimento motor deles. É a fase onde a criança desenvolve muito rápido”, diz a terapeuta ocupacional Fabíola Alvino.
O Centro de Reabilitação trata crianças que sofreram traumatismo na cabeça, paralisia cerebral, paralisia obstétrica, a nível de parto, mielomeningocele e, em raros casos, crianças amputadas. Para esse tratamento, é preciso que a criança tenha um cognitivo mínimo, ou seja, é preciso que ela seja capaz de responder a certas atividades que os terapeutas ocupacionais irão propor.
“Faz seis meses que trago minha filha para o tratamento. Ela tem melhorado muito, antes, ela era molinha, não se mexia na cama, e com o tratamento ela já passou a endurecer o pescoço. Está fazendo resultado”, relata a mãe de Maria Rita contente com o progresso do tratamento.
O tratamento a que se refere Emanuela, mãe de Maria Rita, é feito pelos terapeutas ocupacionais que consiste na “atividade do brincar” visando aprimorar a coordenação motora da criança. Segundo a terapeuta, “Nosso foco é a atividade de vida diária, ou seja, o vestuário, a alimentação e a higiene. É fazer com que a criança saiba escovar os dentes, abrir o tubo de pasta, pentear o cabelo, levantar da cama. Todas as atividades desempenhadas por ela, sem nenhum auxílio. Quando a criança perde a capacidade motora, ela não sabe fazer isso sozinha. E a atividade de vida da criança para fazer com que ela organize é o brincar dela. Já que é a única obrigação de uma criança, brincar”.
Entretanto, as brincadeiras devem seguir um padrão. Cada tipo de brinquedo deverá corresponder a uma faixa etária. “A criança tem que brincar de acordo com a idade dela. Começar a desenvolver as etapas motoras corretamente dentro da sua atividade da vida diária que é o brincar. Mas brincar de acordo com a idade dela. A gente dá um estímulo pra criança através da brincadeira. Deste modo, podemos ver qual sua lesão e o que ela pode estar nos respondendo. Assim, caso ela precise de um alongamento, passará a ter o acompanhamento de um fisioterapeuta”.
A relação com a família da criança é desde o início, tida como importante para o tratamento. As famílias são informadas durante todas as etapas, desde a primeira avaliação, durante as avaliações trimestrais, quando o quadro evolutivo da criança passa pela análise de uma equipe, até o dia em que essa criança receberá alta.
As patologias mais comuns no Estado são a paralisia cerebral e mielomeningocele. Esta última ocorre quando o tubo neural não fecha durante a gestação, fazendo com que a criança nasça com a medula exposta. O CEIR atende a uma quantidade de casos de mielomeningocele, próximo ao da AACD central de São Paulo, que atende casos de todo o país, ao contrário do CEIR cujo atendimento se restringe ao Estado do Piauí e cidades vizinhas. Essa doença pode ter várias causas e para descobrir quais as freqüentes no Piauí, o CEIR planeja iniciar um estudo, fazer um levantamento do perfil das crianças e das famílias.
Os tratamentos desenvolvidos com crianças deficientes são formas de promover a inclusão dessas crianças na sociedade, dando a elas liberdade para que elas possam desempenhar suas atividades diárias com maior autonomia, de modo que elas consigam ver as limitações, não como adversárias de si mesmas, mas para que aprendam a lidar com elas de modo que possam ser superadas.
Por: Ana Isabel Freire (anaisabel_freire@hotmail.com); Mariana Guimarães (mariana-guimaraes@hotmail.com); Nina Nunes (nina_quasenada@hotmail.com)
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