quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Direto da blogosfera

Começou nos gibis, Jéssica Monteiro é leitora voraz e escritora fantástica
A blogueira fala sobre paixão pelas comédias adolescentes e em como isso influenciou na sua forma de escrever

Existem livros mágicos. Quem lê um deles vai para sempre acreditar no poder mágico dos livros, do livro. Os livros que marcam a infância acompanham no crescimento, moldam a personalidade, ajudam na aceitação de algumas fases, auxiliam com alguns transtornos, divertem, emocionam, ensinam, constroem e estimulam. Livros e textos detêm poder transformador. Quando lidos e escritos na maior fase de transição: a adolescência - a importância é intensificada. Não por coincidência, livros considerados do segmento “infanto/juvenil”, “a típica literatura adolescente” são presença cativa na lista dos mais vendidos. A estudante de Jornalismo, Jéssica Monteiro, sempre nutriu uma paixão por leituras, sobretudo quando se trata de temáticas que envolvam ficção e realidade, envoltas por romances.

Atualmente com 19 anos, Jéssica repassa a outras pessoas suas experiências de vida, através de textos postados em um blog pessoal. Ela diz que ler muito influenciou e influência na sua forma de escrever e de expressar seus sentimentos. “Embora a vida real nem sempre pareça com a ficção, sempre dá para se encontrar, para se imaginar na situação...” E não se envergonha de ler e escrever sobre e para adolescentes “Todo mundo tem várias fases dentro de si: adolescência, infância e por mais adulto que seja, ainda existem esses dois mundos habitando na sua essência, escrevo verdades, a minha verdade”.




"não os leio mais com a mesma frequência, mas não significa dizer que abandonei o hábito"


VOLVER: Quando teve início sua paixão por literatura juvenil/adolescente?

Jéssica: Bem, acho que lá pros 13 anos. Foi por aí que eu ganhei o primeiro 'grande livro'. Digo grande livro porque antes disso eu só lia basicamente gibis. Então foi nessa idade a minha transição. Vi a amiga da minha irmã comentando sobre a paixão dela por Harry Potter. Ela me contou um pouco da história e eu acabei me encantando também. Pedi pra minha mãe comprar o livro e lembro que o li numa só tarde. Em seguida saí louca pra ver o filme. Desde então me apaixonei pela série e pelos 'grandes livros'.

VOLVER: E as comédias adolescentes, propriamente ditas, como os livros: O Diário da princesa, Crepúsculo, A mediadora?

Jéssica: Isso foi em seguida. Quando acabaram os livros publicados do Harry Potter, na época, eu percebi que os gibis não me bastavam mais. Foi quando comecei a ler a coleção da Mediadora, da Princesa e dos Karas. São três coleções de livros que ainda conservo na minha estante e que me proporcionaram agradáveis momentos de leituras.

VOLVER: Sua vida de adolescente era parecida com a dos personagens dos livros?

Jéssica: Não, nenhum pouco. Mas era isso que mais me agradava, eu acho. Era poder me transpor pra uma vida que não me pertencia. Eu me envolvia/envolvo com os personagens, sinto seus sentimentos como se na verdade fossem meus. Uma vez minha mãe entrou no meu quarto e me encontrou chorando porque um dos personagens que eu mais gostava havia supostamente morrido. Eu não queria viver as histórias narradas nos livros, até porque a maioria era pura fantasia, mas eu gostava das emoções, eram os sentimentos que me atraiam/atraem.

"Gosto do blog, mas me encanta a idéia de escrever um livro"

VOLVER: Não dava para espelhar nada?

Jéssica: Não, pelo menos nada ao pé da letra... Mas claro dá pra imaginar.

VOLVER: Essa literatura é destinada a um público mais jovem (12 aos 17), você já está com 19, essa literatura ainda te interessa?

Jéssica: Claro, claro que sim. Assim como os gibis ainda me são tão caros. É verdade que não os leio mais com a mesma frequência, mas não significa dizer que abandonei o hábito. Eventualmente compro alguns livros no mesmo estilo, as emoções ainda me atraem.

VOLVER: Como esses livros influenciam na sua forma de ver e viver o mundo adolescente?

Jéssica: Sempre que leio, me coloco na situação dos personagens. Penso como me comportaria na situação apresentada, avalio a trama da história e as reações dos envolvidos. É interessante quando se pensa dessa forma, já que você tem a oportunidade de se colocar na circunstância que quiser e imaginar suas possibilidades. Eu me ponho em conflitos, em situações de avaliação e dinamismo, só pra me testar, pra saber até onde eu posso ir. Eu transfiro isso pra minha vida real.

VOLVER: Esses livros já te ajudaram em algum conflito na adolescência, a compreendê-lo?

Jéssica: Sim, sim. Na coleção dos Karas, por exemplo, há uma edição chamada "A droga da Obediência" onde o grupo de amigos se deparava com uma droga desconhecida e perigosa que está sendo testada em alunos dos melhores colégios de São Paulo. Isso me mostrou um mundo que eu não conhecia e que eu decidi que não queria pra mim. É claro que é uma ficção, mas eu adaptei a história pra mim, adaptei o enredo pro meu cotidiano e fiz minhas escolhas.

VOLVER: Jéssica, você também escreve, essas leituras influenciam na tua maneira de escrever, qual tua pretensão com os leitores?

Jéssica: Certamente isso influencia no meu modo de escrever. Eu gosto do jeito como esses autores escrevem, sempre carregando um ar de mistério que nos faz ficar mais ansioso a cada página. É esse estilo que me fascina e que me inspira. Eu procuro ser misteriosa e subjetiva nos meus escritos. Tento fazer com que o leitor possa se adaptar à minha história e de alguma forma se sentir parte dela.

VOLVER: E as pessoas que julgam esse modo 'adolescente' de escrever, como infantil e “Bobinho”, como você encara?

Jéssica: Não me agradam as pessoas que me criticam com esse argumento. Não porque eu não saiba receber/respeitar uma crítica, mas porque não me agradam pessoas que esqueceram como é ser adolescente e criança. Prefiro aquelas que carregam em sua personalidade um pouco das duas, por mais adultas que sejam.

VOLVER: Então escrever como um adolescente é transmitir um pouco do que você viveu, é isso?

Jéssica: Exatamente.

VOLVER: E quando for adulta, de fato, ainda pretende escrever como uma adolescente?

Jéssica: Acho que sim, pelo menos é o que espero. Afinal, os escritores desses livros são adultos e não perderam sua essência de adolescentes. Pode ser que eu mude qualquer hora dessas, que me encante com algum outro modo de escrever, mas esse é meu plano de agora.

VOLVER: Quais são suas escritoras preferidas?

Jéssica: Gosto do Pedro Bandeira, autor da coleção dos Karas; Meg Cabot autora da coleção da Princesa e da Mediadora; J.K. Rowling autora da minha série preferida que é Harry Potter e mais atualmente Stephenie Meyer, autora de Crepúsculo.

VOLVER: Pretende continuar no ramo de blogs, ou pensa em publicar o material que você escreve? Quais suas pretensões na carreira literária?

Jéssica: Gosto do blog, mas me encanta a idéia de escrever um livro. Não sei se um dia conseguirei, mas independente disso vou continuar na blogosfera.

VOLVER: Como você se sente expondo parte de sua vida para pessoas desconhecidas, já que na internet não dá pra controlar quem acessa?

Jéssica: Algumas pessoas costumam dizer que eu escrevo de uma forma que só quem sabe de mim é que consegue realmente me encaixar na história. Então, sempre que vou escrever alguma coisa que fala de mim, procuro ser subjetiva, para que as pessoas não identifiquem personagens do meu cotidiano.

VOLVER: Você teria coragem de escrever uma autobiografia, algo como um diário?

Jéssica: Não, não. Isso seria uma exposição que não agradaria. Me agrada muito mais o ar de mistério.

VOLVER: E como surgiu a idéia de criar um blog para escrever coisas do seu cotidiano, pensamentos, ainda que metafóricos (para se preservar e preservar os envolvidos)?

Jéssica: Surgiu quando a onda de blogs estourou. Comecei bem imatura mesmo, postando coisas supérfulas. Mas visitando alguns blogs, amadureci a ideia e passei a seguir a essa doutrina de subjetividade. E é muito bacana quando alguém chega pra mim e fala sobre meus textos, como ficou mexido com a leitura. Eu sinto que, mesmo com um público pequeno, eu tenho importância pra alguém, da mesma forma que meus livros têm importância pra mim.

VOLVER: E quando comentam que o blog deveria crescer, assumir uma postura mais madura (já que são tratados temas dos cotidiano adolescente), qual sua reação?

Jéssica: Bom, ninguém nunca comentou isso comigo, mas acredito sim que deva ter alguém que pense dessa forma. Em todo caso, gosto do meu estilo de escrever e isso pra mim é uma forma de terapia, me ajuda a relaxar e encaixar minhas ideias. Sei que agrado algumas pessoas, por mais que sejam poucas. E isso pra mim é suficiente, pelo menos por agora. Me faz bem e toca alguém, já é satisfatório para mim.

VOLVER: O que mais te encanta na blogosfera?

Jéssica: O retorno, o impacto. É acessível, barato e rápido. As pessoas me vêem e me procuram, comentam o que acharam. Eu tenho um contato próximo com os meus leitores.



Seguindo a mesma linha, temos Aldenora Cavalcante – CONFIRA aqui no VOLVER

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Por: Ana Isabel Freire (anaisabel_freire@hotmail.com); Mariana Guimarães (mariana-guimaraes@hotmail.com); Nina Nunes (nina_quasenada@hotmail.com)

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