quinta-feira, 22 de outubro de 2009

E o Movimento Estudantil?

Cássio Borges fala sobre DCE e Movimento Estudantil
Aluno de História, Cássio, faz um apanhado histórico das uniões de estudantes

Aproveitando o clima de debates proporcionados pelo Congresso de Estudantes da UFPI – CONEUFPI, a respeito de educação, a equipe VOLVER foi atrás de um militante do Movimento Estudantil e ao mesmo tempo integrante do Diretório Central dos Estudantes – DCE, para saber mais sobre Movimento Estudantil e funções do DCE para a comunidade acadêmica e comunidade em geral.

Cássio Borges é estudante do 5° período de História, na Universidade Federal do Piauí e desde criança, quando ainda fazia ensino fundamental, sentiu a necessidade de participar das escolhas de sua escola, para isso se filiou ao grêmio estudantil. Desde então, Cássio já militou no Movimento Estudantil Secundarista, quando aluno do CEFET, já participou do Centro Acadêmico de História, foi diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE) e atualmente é coordenador de planejamento do DCE da UFPI.


"O DCE tem como tarefa conduzir a luta dos estudantes "

Volver: Quais são os planos dessa gestão do DCE para melhorar a Universidade, melhor dizendo, a vida do estudante?

O DCE tem como tarefa conduzir a luta dos estudantes e também fazer com que os estudantes sejam participativos dentro da Universidade, que eles não se restrinjam apenas a sala de aula, mas que ele tenha um caráter contestador, um caráter de intervenção, aquele ideal de transformação na educação, busca de melhorias. O DCE tem por finalidade, não simplesmente conduzir apenas a luta política, que é o principal eixo do Movimento Estudantil, que é de transformação realmente do social, da nossa sociedade. Por exemplo: quando tem aumento da passagem de ônibus, como aconteceu esse ano a respeito dos pontos de xérox, que foi necessária a intervenção do Movimento Estudantil, a gente também tem aí um caráter formativo de cada vez mais ganhar estudantes da Universidade para os ideais que é preciso ele participar, que preciso ele ter noção. Para conseguir esse objetivo, o Diretório Central dos Estudantes promove calouradas políticas, que é um espaço para informação e formação, a gente também realiza as mostras culturais, que é a chance dos artistas da Universidade apresentarem seus trabalhos, tem as Olimpíadas universitárias e também o congresso de estudantes da UFPI.




"qualquer pessoa pode intervir a partir de quando ela se organiza"

Volver: Muitas pessoas, inclusive alunos, associam o Movimento Estudantil à “baderna”, “rebeldia sem causa”. O que tu acha disso?

Esse é um processo grande e a gente tem que entender que ele é conjuntural, quando é que se cria essa imagem no País? Na época da ditadura militar, na qual a repressão é muito forte e tem a intenção de fazer com que o estudante ficasse amorfo, sem intervir, sem se manifestar, colocar os seus posicionamentos, então nesse sistema ditatorial que prevaleceu aqui no país, os estudantes da época tinham que encontrar maneiras “alternativas” de se impor, de se manifestar. A gente que participa do Movimento Estudantil anda longe de ter essa compreensão, e não só a gente (os atuais), se você conversar com alguém que participou do Movimento há 30 anos atrás, ele também não vai ver o Movimento como baderna, mas sim como um espaço de formação pessoal e de interferência na sociedade e mostrar pra população que nós não precisamos aceitar nada que seja unilateral, de cima pra baixo, e que qualquer pessoa pode intervir a partir de quando ela se organiza, quando tem disponibilidade pra luta sempre almejando construir algo melhor pra a educação e sociedade.

"O Movimento Estudantil depende diretamente do cenário da época"

Volver: Na tua opinião, o Movimento Estudantil perdeu a força?

Eu acredito que não, eu acredito que ele mudou e se readaptou no processo, por exemplo: esse é outro discurso que também é muito presente por conta da Ditadura. Na ditadura militar ninguém, sobretudo, os estudantes poderiam reclamar e ir contra o governo, né? Então o Movimento foi buscando maneiras de driblar a censura, a repressão, muitos jovens foram assassinados no processo de redemocratização do país e hoje em dia, não é mais exatamente desse jeito, modificou o contexto nacional e isso reflete no Movimento Estudantil. A intervenção que eu tenho hoje de negociar com qualquer governante, não é a mesma do tempo da ditadura. Alguns problemas eu resolvo falando apenas com meu coordenador de curso, chefe de departamento e outras coisas não, ai a gente precisa partir para medidas mais enérgicas. O Movimento Estudantil depende diretamente do cenário da época, e o nosso hoje, é bem favorável. E se hoje, o Movimento Estudantil se organiza dessa forma, foi por conta de milhares de jovens que lutaram e alguns até tiveram que dar a vida, para hoje estar aqui consolidado um país mais democrático e mais justo.

Trechos da entrevista com Cássio Borges



Por: Ana Isabel Freire (anaisabel_freire@hotmail.com); Mariana Guimarães (mariana-guimaraes@hotmail.com); Nina Nunes (nina_quasenada@hotmail.com)

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