terça-feira, 10 de novembro de 2009

Projeto CORAJE

E os sonhos nunca morrem...
Alunos reunidos, com intuito de melhorar o ensino do Direito e sua aplicação na sociedade

CORAJE, o nome já é bastante convidativo, pois incita o que todos devemos ter: CORAGEM para enfrentar desafios em busca de propósitos maiores e é nessa perspectiva que o Corpo de Assessoria Jurídica Estudantil (um projeto de pesquisa e extensão, elaborado e mantido por estudantes da UESPI) atua. Os estudantes, que participam do projeto, encaram a pesquisa e extensão como uma forma crítica de trocar conhecimentos entre a sociedade e a universidade – sempre dialogando com movimentos sociais e populares. A bandeira levantada pelo CORAJE é a de luta pelos Direitos Humanos, para tanto, na prática jurídico-popular eles utilizam princípios da educação popular, tais como a horizontalidade, o respeito ao saber do outro, com um viés reflexivo para sensibilização das violações de direitos ocorridas em nossa sociedade, e, por conseguinte, o combate a essas violações.

Reuniões descontraídas e criativas marcam os encontros

O CORAJE foi criado em 2007, através da iniciativa de um grupo de alunos. A ideia era criar um espaço que aglutinasse ensino, pesquisa e extensão; e em que o ensino do Direito pudesse ser pensado para além da aplicação técnica de normas impostas. Trabalhando juntamente com a Assessoria Jurídica Universitária Popular (AJUP), que já desenvolve mais de 20 projetos pelo Brasil, o CORAJE nasceu. Os jovens engajados e idealista que pensaram o projeto pretendiam que o senso e aplicação da Justiça ultrapassassem a esfera do discurso e se transformasse em vivência diária; onde se reconhecesse o verdaeiro papel da Universidade.

TRABALHO

O grupo desenvolve diversas atividades para reunir alunos, professores para discutir, refletir e trabalhar em cima das propostas do grupo. As atividades buscam sempre aliar pesquisa e extensão, teoria e prática. Nos quase dois anos de atuação, o grupo já conta com o vasto número de eventos, tais como: debates, palestras, oficinas e seminários. Esse ano o grupo CORAJE está trabalhando na Vila São Francisco (Zona Norte de Teresina), com o intuito de realizar ações direcionadas para Mobilização e Participação Popular, Direitos Humanos e Cidadania.


Palestra promovida pelo CORAJE

Também é promovido pelo CORAJE, “o circuito de Encorajamentos”, que são momentos de interação e diálogo sobre os temas que perpassam a AJUP (Assessoria Jurídica Universitária Popular). O encontro tem a discussão de textos selecionados, com o objetivo de fortalecer as bases teóricas para a construção bem elaborada e sólida de um trabalho prático diante da sociedade. Em outras palavras, o encontro do Encorajamento serve como uma preparação, que antecede o trabalho com a comunidade. Este mês o grupo CORAJE tem toda a programação para os Encorajamentos (todos com início as 17horas), confira:

AJUP e Educação Popular
19/11 - Campus Clóvis Moura

20/11 - Campus Torquato Neto

Direitos Humanos e Cidadania*
Mobilização e Movimentos Sociais*
Papel Emancipatório do Direito*

- Os textos para discussão, encontram-se na “Xerox da Patrícia”, no Campus Torquato
Neto e na Coordenação de Direito, no Campus Clóvis Moura.


OUTROS GRUPOS SEMELHANTES

“CAJUÍNA” (UFPI), “MANDACARU” (CEUT), “JUSTIÇA E ATITUDE” (ICF) e “DIREITO AO DIREITO” (NOVAFAPI).

OPINIÃO

A iniciativa dos jovens pensadores do projeto CORAJE e de tantos outros jovens que se engajam, trabalham e discutem maneiras de melhorar e contribuir com a sociedade merece respeito e admiração por parte da população, não somente pelo trabalho em prol da mesma. Mas e, sobretudo, pela determinação e exemplo bom de lutar por melhorias, embasada em estudos e leituras, utilizando a academia em todas as potencialidades e para além da mesma.
Os jovens do projeto CORAJE mostram que é possível mudar a visão de um curso (no caso: Direito) e é sim! Possível debatê-lo e aproximá-lo da sociedade. O VOLVER apóia e aplaude iniciativas como estas e é nesse momento que a tarefa de divulgar nos é tão cara, porque divulgar boas ações e ideias, também nos engrandece e nos deixa orgulhosos. Quem não gosta de ser o mensageiro de boas notícias?

_________________________________________



Em depoimento, a idealizadora e participante, Andreia Marreiro, descreve o sentimento de fazer parte do CORAJE. Em frases bem elaboradas e estimulantes, a jovem derrama sensibilidade e CORAGEM, leia:

Era um sonho de justiça. Uma vontade enorme de fazer o curso de Direito. Uma vida toda sonhando em passar no vestibular e receber o melhor sorriso, abraço e grito de felicidade dos meus pais, da família e dos queridos amigos. Não poderia ter sido melhor. Os nomes na lista do resultado eram muito familiares, o grande amor e o melhor companheiro de pré-vestibular. Foi festa, muita festa. Depois veio a expectativa, o dia de fazer a matrícula, o novo: Meu Deus somos universitários! Universidade? Afinal, o que é isso?! Professores? Quem são eles?! Sociologia, Filosofia, pra quê?! Leis? Só no papel... Aí veio a indignação: Afinal, pra que estamos aqui?! Não viemos até aqui pra desistir agora e entrar nessa cena toda, onde professores fingem que dão aulas e nós fingimos que assistimos; onde o Direito se resume a muitas, porém, frágeis leis, encasteladas e bem distantes de nós. E o sonho de uma sociedade justa?! E o ideal de usar o Direito como instrumento de transformação?! E o mundo lá fora?! Parou?! Muita filosofia de botequim, muita metodologia sem método, muita sociologia sem sociedade, passou... Aí vieram muito direitos fundamental sem garantias, muito direito penal sem crimes reais, tudo no abstrato... O Direito (aquele com o qual eu sonhei a vida inteira) foi se resumindo em códigos, muitos códigos, tudo condensado num livro grande chamado "Vade Mecum", apelidado por alguns como o "Kama Sutra sem tesão". A indignação aumentava, mas as dúvidas de como sair daquilo, daquele marasmo, daquela coisa sem sentido, acreditando veementemente que haveria mais, eram muito grandes também. Mas aí volto a lista do resultado do vestibular, volto aqueles nomes: Andréia, Glauco, Jorge André, Juliana, Lucas, Thiago. Eis que surge na cabeça e no coração destes indivíduos a coragem aliada à graça da menina de um período da frente - Gláucia - de criar uma Assessoria Jurídica Universitária Popular - AJUP - na UESPI. Em 11 de setembro de 2007, com a imprescindível colaboração de outros projetos de Assessoria Jurídica Popular de Teresina- Cajuína, Mandacaru e Justiça e Atitude - e a emoção e força de vários outros corações que se uniram, criamos o Corpo de Assessoria Jurídica Estudantil - CORAJE. Muitas eram as expectativas, mais uma vez o novo. Um local cheio de possibilidades. Tudo dependia de nós. Um projeto de extensão gerido por estudantes. Um lugar onde nós poderíamos discutir e nos divertir, dialogar e (en)caminhar, problematizar o que está posto, estudar conteúdos de extrema importância, mas que não estão contemplados nas grades curriculares, viver e ver a vida dentro e fora dos muros que o universo desta cidade nos proporciona ... Hoje, quase 2 anos após a criação, alguns já estão quase dando adeus à universidade. Hoje, somos extensionistas, corajosos, estagiários, pesquisadores,... O tempo foi ficando raro, mas a vontade de se movimentar, a capacidade de indignação, as possibilidades de diálogos e aprendizados, faz com que nossos sonhos não envelheçam... E continuemos acreditando que o Direito pode sim ser "novo" (como propusera Michel Foucault), dinâmico, interligado,.... Hoje, somos outros (outros acadêmicos, outros cidadãos, outros seres humanos) porque nos misturamos em um só corpo e nos deixamos afetar pelas inúmeras possibilidades da vida. Somos outros porque aprendemos cotidianamente a aprender com o outro. Somos outros porque cultivamos o questionamento, a indignação, as inquietações, e, dessa forma, procuramos não nos acomodar. "O CORAJE é força que nos faz agir no mundo e com o mundo" (Jorge André). E é por isso que inevitavelmente eu sou melhor porque sou vocês. Saudações a quem tem CORAJE! =D

*Andreia Marreiro, acadêmica de direito.


-



Por: Ana Isabel Freire (anaisabel_freire@hotmail.com) - Mariana Guimarães (mariana-guimaraes@hotmail.com) – Nina Nunes (nina_quasenada@hotmail.com)

Um comentário:

  1. Olá

    Gostaríamos de saber se podemos divulgar este texto em nosso blogue.
    Atenciosamente,

    ResponderExcluir