Em uma sala de bate-papo virtual, jovens piauienses debatem sobre Bullying
Bullying – não tem a mínima graça. Universitários teresinenses falam a nossa equipe sobre o que conhecem e já presenciaram de Bullying. CONFIRA:
Volver: Conhecem alguém que já foi vítima de bullying?
Filipi Cloud: Que eu tenha contato, não mais.
Nayeno: Conheço outro caso! Aconteceu na 8º série.
Laelia: Conheço sim. Está falando com ela
Volver: Já presenciaram prática de bullying?
Filipi Cloud: Em grau menor, sim, quando estudava lá em Parnaíba. Eu não me lembro de nada muito específico com detalhes, afinal faz uns bons anos, mas tinha um cara na minha sala de aula, ele parecia ter um certo atraso mental, mas digo isso sem nenhuma prova, talvez o atraso fosse social... Ou então fosse um atraso por culpa do próprio. O fato é que ele era tido como o "mongolzão" da sala, pelos caras que quando estavam entediados ou queriam fazer uma brincadeira ou bater em alguém, e obviamente escolhiam ele.
Nayeno: Eu estudava com um garoto que era gay. Todo mundo sabia e tirava onda com ele e ele tentava ser amigo das pessoas que tiravam onda com ele. Antes da aula, ia numa quitanda perto do colégio e comprava um monte de chocolate e bombom e dava pras pessoas que o importunavam.
Laelia: Eu estava passando por problemas de família, quando eu tinha 10 anos. Depois disso fiquei louca, aí não liguei pra nada, louca mesmo! Andava descabelada, tudo mais, me deram apelidos horríveis, eu não tinha amigos, algumas pessoas tentavam até me bater, por nada, sabe?
Volver: Como ocorriam as práticas? O que era realmente feito as vítimas?
Rascius Elu: Tapinha na cabeça, pregar coisas nas costas com frases, tiração de sarro, puxar a cadeira, ou seja, colocar essa pessoa pra passar por constrangimentos.
Filipi Cloud: Coisas tipo: dar bolada nele, colocar tachinha na cadeira, furar o pneu da bicicleta.
Laelia: Uma vez pegaram minha pasta novinha, de estrelinha laranja e ficaram arrastando pelo chão, até sumirem todas as estrelinhas, eu hoje entendo que era coisa de menino ruim, acho que dá pra comparar com um tapa na cara, hoje , pelo que eu senti na hora foi uma humilhação, independentemente da idade da gente e isso durou mais ou menos uns dois ou três anos.
Volver: Qual a reação da vítima às agressões sofridas?
Filipi Cloud: Ele não tinha muita habilidade pra falar e nem pra brigar com os outros, ele geralmente só saía cabisbaixo, às vezes denunciava pra diretoria, às vezes uns minutos depois esquecia e já tava rindo com o mesmo pessoal que batia nele, talvez por medo.
Nayeno: Ele fingia que não se importava, acho que até porque apesar de ele saber que era gay, ele nunca teria realmente feito alguma coisa, era novo. Acho que ele sofria. Não sei. Mas ele tentava demonstrar exatamente o contrário, que não se importava. Ele só dava bombom pra quem tirava onda com ele, numa espécie de psicologia inversa.
Volver: Qual o sentimento diante das agressões?
Laelia: Ódio e uma tristeza do tamanho do mundo. Mas era mais tristeza do que ódio, porque a gente acaba achando que tudo aquilo que dizem é verdade, e meio que se conforma com essa inferioridade que os outros te impõem. Primeiro, eu me revoltei. Achava injusto, briguei, mas num tinha jeito, fazia era aumentar. Depois, comecei a tentar não ligar, e ajeitar as coisas, tipo o meu cabelo. Depois, não liguei foi pra nada mesmo, amigos foram começando a surgir, eu me cuidei mais, fui amadurecendo e aqui estou.
Volver: Tua família percebeu o que tava acontecendo?
Laelia: Sim, no caso, mamãe, mas eu tinha vergonha, o colégio foi legal também, porque me deram um apoio psico-pedagógico. Mas, sinceramente? Acho que partiu mais de mim mesmo.
Volver: Já participaram de brincadeirinhas ofensivas?
Filipi Cloud: Não, mas como a sala era pequena, às vezes era impossível não participar da brincadeira, ainda mais por eu ser um moleque na época, mas eu geralmente tinha pena e tentava não fazer isso.
Nayeno: Na escola que eu estudava, existia um rodízio de carteiras, você tinha que seguir aquilo o ano todo e eu sentava atrás dele, todo mundo do círculo em volta dele importunava.
Volver: E quanto as pessoas que importunavam? Qual o sentimento em relação a elas? Mantém contato?
Laelia: Falo com educação, nada mais. Mas se puder evitar, evito. Elas me fizeram mal e uma pessoa que faz isso com outra, mesmo que esta esteja passando por uma situação frágil como a minha, pra mim não deve passar disso. Não sinto raiva, acho que está mais para indiferença, mas raiva eu já tive muita, com certeza.
Volver: Quanto a vocês que se pronunciavam, ainda que “levemente” como importunadores, há algum arrependimento?
Nayeno: Me arrependo, mas eu acho que quando a gente é criança a gente não tem noção das coisas.
Filipi Cloud: Sem dúvidas, é brincadeira de mau gosto e covardia, principalmente sendo o 'alvo' mais 'fraco'.
Volver: Quais conselhos vocês dariam pra vítimas de bullying?
Nayeno: Assumir que sofre desse problema e talvez nem seja recomendável pedir pras pessoas pararem de incomodar, porque elas não vão parar. Tem que informar aos superiores: no caso da escola, a direção. No caso do trabalho, o chefe. De modo geral, a justiça. E, principalmente, procurar um psicólogo também seria uma forma de tentar driblar e não dar tanta importância e enfrentar o problema.
Laelia: Tentar não ligar e não demonstrar fraqueza. Quanto mais fragilidade você aparenta, mais você vira motivo de piada sem graça, é horrível! Tem que ser forte, querer sempre ficar bem, tentar mudar a situação, mesmo que seja devagarzinho.
Volver: Quais os sofrimentos de quem tenta ajudar uma vítima? Torna-se motivo de piada também?
Rascius Elu: Algumas vezes, sim. Só que muito menos que a vítima. Em casos extremos, suponho que a pessoa que defende pode até apanhar, mas isso não foi meu caso.
Bullying na visão de um professor piauiense
RECADO para os Pais – como identificar e ajudar filhos vítimas de Bullying
Por: Ana Isabel Freire (anaisabel_freire@hotmail.com), Mariana Guimarães (mariana-guimaraes@hotmail.com) e Nina Nunes (nina_quasenada@hotmail.com)
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